terça-feira, 4 de maio de 2010

A Lástima Se Foi

Estava buscando por mais um motivo para viver. Encontrei a ti. Pensei estar em meio às estrelas, me vi como mais uma constelação resplandecente aos olhos dos homens que veneram aquilo que não são capazes de tocar. Estava envolto em um súbito mar de sentimentos. Plenos em desejos e sonhos, que me guiaram até ti como a brisa do amanhecer, banhando a pureza da natureza. Contemplei teu lindo sorriso, apaixonei-me por tua presença, e rogava por tua voz. Estava simplesmente apaixonado. Pensava ter encontrado um motivo para amar e mais um motivo para viver. Tu eras o que eu desejava ao levantar-me e o que em minhas preces eu protegia ao me recolher na leve manta com a qual à noite nos conforta. Amor. Esse era o meu alimento, minha mania, meu vício mais puro. Desejava com a força de um espartano estar perto de ti.
Tu que não me prometeras nada, também não recusou nada do que te dei. Por alguns verões fomos felizes e em alguns invernos nos perdemos por migalhas. Mas estávamos sempre juntos contemplando as belas flores da primavera. Entretanto a vida resolveu mostrar que cada dia é um dia e que sou apenas um homem e não um Deus perante os outros homens. O amor que sentias por mim era apenas mais um “amor”. Eu que pensava ser imune aos acasos da vida por estar contigo, descobri ser um tolo. Fui jogado no olho de um furacão que me fez desmaiar perante sua voracidade. Ao acordar percebi que tu partiras.
Busquei um motivo. Complexo. Desconhecido. Mas me deparei com algo tão lógico que fiquei boquiaberto com a verdade da vida. Tu se foras por que quiseras. Não existe outro motivo. Fizeras uma escolha. E a mim cabe aceitá-la.
Por dias, semanas, e até meses, refleti incansavelmente. As noites de sonhos iluminadas por ti já não existem mais. Agora a noite é apenas um breu, sem sentido. No qual eu mergulho e não consigo sair.
Agora me sinto uma maquina. Não tenho desejos, nem sonhos. Estou automatizado, ligado na tomada da vida, mas sem um ideal. O buraco existente em minha alma não é compreendido nem ao menos pelos Deus do Olímpio quem dirá pelos meros mortais que me cercam. Estou morrendo por dentro. Sinto tua falta. Quero teu beijo. Mas a distancia que nos afasta é monstruosa. Não somos separados por ruas, por cidades, ou mesmo por continentes. Vivemos em mundos distintos. Não sou suficientemente bom no seu mundo. No qual eu sou desprezado, julgado e humilhado. Tu és uma Deusa em teu mundo, mas no meu, não passas de uma mulher. No meu mundo eu sou um homem, mas no teu, eu sou um lixo.
Mas por que me aprisionar em um mundo de trevas, que esbanja aparência, mas é carente de sentimentos? Posso caminhar sem segurar em tua mão. Tu me mostraras que por mais que o amor exista, uma só pilastra não pode suportar um templo, e o amor não é uma coisa qualquer. Para os que amam, ele é monumental, mas para os que brincam de amar ele é apenas um passa tempo. Estou no meio do paraíso, onde os pássaros cantam para saldar a beleza ímpar do amanhecer a cada dia como se fosse o último de sua existência. Aqui onde estou à vida floresce sem pressa, sem receio. E da mesma forma meu sonhos e meus desejos tornam a brotar em meio às cinzas. Mas agora eles estão regados por uma dose extra de realidade e de cede de vida. Hoje busco por ti. Mas, já descobri que só encontrarei a ti em outra. Tu não és capaz de viver um sentimento assim, pois simplesmente não deseja, queres apenas brindar a abundância de um coração repleto de nada.
Deixarei que meu coração me guie em meio ao desconhecido futuro que me aguarda, contudo não tropeçarei em ti novamente. Buscarei meu caminho guiado pelo desenho das nuvens, que mostram quanto à vida é bela. A euforia que me consome agora não é mais a de buscar respostas, mas sim de fazer perguntas, que sejam aceitáveis em um mundo de cegos de espírito. E enquanto não for capaz de fazê-las, tornarei a caminhar. Sem caminhos traçados, sem idéias imutáveis. Meu silêncio será meu mestre. E viverei sem medo de amar, pois, o amor castiga, mas também é o maior presente que a vida pode oferecer a nós mortais. Basta saber aceitá-lo.




Christofer Gomes Barbosa

Um comentário:

  1. Christofer, poucos são os homens capaz de AMAR e menos ainda os que são capazes de expressar... siga em frente... não tenha medo das palavras, elas são sempre muito bem colocadas na sua fala e escrita... vc é brilhante... um pouco nostálgico... muito dramático... E poucos são os mortais que podem compreender que um POETA escreve... e VIVE para sua obra... E que esta precisa chocar para ser lida e permanecer na lembrança... vc é um excelente ESCRITOR... vc consegue fazer isso muito bem... Alcance a constelação e junte-se as estrelas...
    Parabéns por mais este txt.

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